Pages

domingo, 6 de julho de 2014

5° carta, sobre um viciado



Olá, agora não passou muito tempo, talvez tudo que te escrevo se torne um relicário esquecido, na verdade eu nem sei como você ler isto, mas tudo bem, vou escrever, mesmo sabendo que você já sabe disto enquanto ainda as palavras estavam em meus pensamentos. Sei também que você sabe tudo sobre mim, aliás, bem melhor do que eu. Sendo assim meus vícios também estão em seu arcabouço, todos eles, expostos como uma ferida aberta. Cada um impõe sobre mim seu domínio, perdendo correntes e mais correntes em minhas mãos. Todas elas me puxam pra baixo de forma que eu não olho mais pra cima de maneira que a muito não te vejo. De vez em quando me sinto livre dessas algemas são momentos, às vezes dias, mas logo depois volto a me prender ao que me mata. Na verdade, todos nós viciados somos como cães de rua, podemos até achar um lar onde tem comida boa, água fresca, até algum afago. Mas a dependência da aparente liberdade fora das paredes da casa nos chama a voltar diariamente para o turbilhão de sensações que sentíamos antes, e que eventualmente nos fazes falta, então, novamente como cachorros comemos aquela porcaria gordurosa que por instantes achávamos que vamos morrer se não saciar esse desejo. Outro hábito que compartilhamos com os cachorrinhos é o de comer o nosso próprio vômito. Sim, nos arrependemos de fazer isso tudo, mas paradoxalmente nos arrependemos do arrependimento e comemos tudo que foi regurgitado antes. Daí você me pergunta o que têm isto a ver com amor, afinal esta carta deveria tratar disto. Sinceramente eu não sei te responder isto a não ser com outra pergunta: Como pede alguém perfeito como você amar um ser tão asqueroso como eu? Eu não faço ideia, aliás, não entendo como qualquer pessoa pode me amar, nem eu me amo tanto assim. Mas sei que seu amor é real, eu apenas o recebo, sei que ele é capaz de me transformar. Desculpa por não o retribuir como deveria, e obrigado por se comparecer por este cão sarnento, espero te ver em breve, um abraço. Te amo!

terça-feira, 1 de julho de 2014

4° carta (sendo sincero)



Olá, sei que faz muito tempo, na verdade estive mesmo longe de você até aqui.
Sei que espera mais de mim e sinceramente também esperava, mas agora minha incapacidade é tão nítida e minha miséria ficou tão exposta, de tal forma que me envergonho do seu olhar o tempo todo.
Não há nada mais constrangedor que estar diante de ti incessavelmente. Mas não consigo pronunciar uma única palavra contigo, espero que esse amor rompa o silêncio e nos aproxime novamente. Saudades...