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terça-feira, 27 de outubro de 2009

Não te amo


Não te amo, quero-te: o amar vem d'alma.
E eu n'alma --- tenho a calma,
A calma --- do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida --- nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.


Almeida Garrett in Folhas Caídas(1853)

domingo, 18 de outubro de 2009

Estive pensando a cerca do Homem, e de como nós estamos sempre correndo atrás do que nós temos, não me refiro aqui ao capitalismo, que é tão discutido e inumeras vezes condenado, mas à um vazio que parece não ter dimensões dentro de nós, e que sempre tentamos preenchelos, porém nunca temos exito nisso. Sei que falando assim parece que estou repetindo o discurso de alguem, e talvez esteja de fato, só que às vezes me deparo querendo algo que quando tenho não o quero mais e já desejo algo a mais, a velocidade do querer do homem é muito mais rapida do que a capacidade que ele mesmo tem de se adaptar a algo novo.http://www.youtube.com/watch?v=MR_xsM4cku8

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Poema à uma noite memorável

De tudo que ficou na mémoria,
 lembranças  além de meras imagens,
ainda guardo marcas em minha pele...

De quando vi teus olhos negros
constrastarem com a luz da lua,
o gosto da tua boca,
tua pele quase nua.

Uma noite de desejos
me rendi às tentações
amores e delicias
ficaram gaurdados
em nossos corações